O ARTISTA JEAN-MICHEL BASQUIAT - Blog do CaraECULTURANEGRA

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30 de janeiro de 2018

O ARTISTA JEAN-MICHEL BASQUIAT

Como Jean-Michel Basquiat ultrapassou o limite do que é ser um artista norte-americano

             Seu legado ultrapassa de longe os números recordes                             em leilões de arte.


Jean-Michel Basquiat, saudado como o primeiro artista negro famoso a abrir caminho no mundo predominantemente branco das galerias de arte de Nova York, fez história há duas semanas quando um quadro seu foi vendido pelo incrível valor de US$110,5 milhões.
Após a venda, que foi um recorde para a casa de leilões Sotheby's, Basquiat (que morreu em agosto de 1988, aos 27 anos e no meio de uma carreira meteórica) tornou-se oficialmente o artista americano cujo trabalho alcançou opreço mais alto em um leilão de arte.
Nascido no Brooklyn, Nova York, em 1960, Basquiat é descrito com frequência em termos do que foi e do que conseguiu se tornar, muito antes de ter "destronado" Andy Warhol para tornar-se o criador da arte que, de fato, tem a cara do que é a América.
"Como um jovem grafiteiro rebelde passou de vender desenhos por 50 dólares em 1980 a ter uma pintura leiloada esta semana por impressionantes 60 milhões de dólares?", indagou o New York Times antes do leilão em 18 de maio.
Mesmo quando Basquiat ainda era vivo, críticos se surpreendiam com sua ascensão da condição de sem-teto e desempregado para o status de celebridade inacreditável, vendendo telas individuais por valores muito baixos aos 24 anos. Basquiat falava abertamente de seu passado traumático, da violência doméstica que sofreu na infância por parte de seu pai, que era haitiano, e das crises de doença mental de sua mãe, porto-riquenha. Ele entrou em contato com a arte e com línguas estrangeiras quando ainda era criança (falava francês, espanhol e inglês com fluência) e demonstrava grande habilidade em ambas, mas na adolescência fugiu de casa e abandonou a escola secundária.
Basquiat vendia camisetas e cartões postais na rua, pouco antes de ele e um amigo adotarem o pseudônimo artístico SAMO e espalharem seus grafites pelo SoHo, um bairro cheio de galerias de arte e galeristas cuja atenção queriam chamar, em Nova York. Desse modo, Basquiat se tornou conhecido: ele colocou sua arte em evidência, para que fosse impossível deixar de vê-la.
e pintou sua tela de US$110,5 milhões quando tinha apenas 22 anos. Nessa época, já havia pichado "SAMO JÁ MORREU" numa parede da baixa Manhattan, anunciando o fim da colaboração que chamou a atenção de Nova York. Basquiat já havia passado a ter contato direto com artistas, escritores e outras celebridades da época ― Andy Warhol, o apresentador do programa de TV "TV Party" Glenn O'Brien, Blondie, David Bowie, o marchand Larry Gagosian. Ele já levara seus trabalhos explosivos a galerias em mostras solo aclamadas pela crítica – uma fusão punk de neo-expressionismo e primitivismo, com cores fortes, pinceladas maníacas e rostos e corpos esqueletais. Sua arte (milhares de pinturas e desenhos), suas palavras, seu corpo, até mesmo seu cabelo, em pouco tempo passaram a integrar os próprios alicerces da cultura pop da época.
Glenn O'Brien, que escreveu o roteiro do filme Downtown 81, estrelado por Basquiat, colocou a popularidade do artista em perspectiva: "Basquiat tem tantos fãs quanto Bob Marley".
Sua ascensão ao estrelato artístico foi rápida, mas hoje, décadas após sua morte, seu legado é ainda maior; o impacto inegável que ele teve sobre o mundo das artes é muito mais impressionante que sua habilidade em infiltrar nesse mundo rapidamente. Em seus poucos anos de ação, Basquiat trabalhou incansavelmente, fazendo performances, networking e arte, para mostrar sua visão ao mundo –uma visão que incluía a condenação do passado racista dos EUA e a história de brutalidade policial do país, além da celebração de heróis negros e de eventos que, de outro modo, estariam ausentes das paredes de galerias. Basquiat utilizava materiais recuperados e técnicas de grafitagem para inserir a política nesses espaços impecáveis.
Um trabalho em particular, "Defacement (The Death of Michael Stewart)" (Desfiguramento [A morte de Michael Stewart]), registrou a morte de um grafiteiro negro espancado por policiais de Nova York até morrer. "Poderia ter sido eu", disse Basquiat, em frase que reverbera hoje. "Poderia ter sido eu."

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